sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Choveu no meu chip

Falar sobre os desmandos da Copa do Mundo no Brasil seria como chover no molhado. Quanto ao legado que o evento trará para o nosso país, há controvérsias. Mas uma coisa me chamou a atenção. No fim de semana passado, o Maracanã, que será palco da grande final da Copa, foi vítima de um assunto que se discute, e que não é de hoje. Aos 11 minutos do primeiro tempo, o meia Douglas, do Vasco, protagonizou um lance, que poderá custar aos cofres brasileiros, cerca de R$ 8 milhões. Explico: As 12 cidades-sede terão um artefato tecnológico à disposição chamado Goal Control 4-D e que permitirá auxiliar o árbitro na marcação de um gol ou não. Muitos são a favor da implementação da tecnologia no futebol brasileiro. Fato como este, apenas embasa e reforça a tese daqueles que acham que essa seria uma solução para o nosso futebol. Porém, muitos esquecem, que a grande maioria dos árbitros e auxiliares, não vive do apito e comitantemente exercem outra profissão. O futebol profissional não é levado a sério no Brasil. Na Premier League, por exemplo, os árbitros são profissionais e na maioria das vezes se dedicam exclusivamente para o futebol. A profissionalização dos árbitros no Brasil precisa ter prioridade. Claro que os erros não deixarão de acontecer, afinal errar é bem humano. Contudo, à partir do momento em que há uma boa remuneração, condições de trabalho, reciclagem, treinos, simulações, concentrações, entre outros, há uma probabilidade maior de minimizar os erros da arbitragem. Só para se ter uma ideia, nesta semana, o ex-árbitro, Marçal Mendes, denunciou a FERJ( Federação do Estado do Rio de Janeiro) por discriminar os árbitros e exigir que eles realizassem algumas atividades sem remuneração. Também fez uma denúncia semelhante à FPF( Federação Paulista de Futebol) e neste caso o Ministério Público do Trabalho decidiu abrir uma investigação. Não há como negar, que a essa altura do campeonato, a tecnologia se faz necessária para dar mais credibilidade e idoneidade ao futebol que anda maltratado em todos os sentidos. Porém, é preciso entender, que para se alcançar o sucesso dentro das quatro linhas, não serão os dispositivos que farão à diferença ao custo de R$650 mil, só a instalação, mais cerca de R$10 mil por jogo. A maioria dos clubes brasileiros estão quebrados. O secretário-geral da FIFA, Jerome Valcke, jogou a bomba para cima da CBF, quando lhe foi perguntado à respeito desse legado tecnológico para o Brasil afirmando que depende de nós. Talvez fosse mais sensato, se ao invés de colocarmos o chip na bola, introduzíssemos na alta cúpula do futebol mundial, um chip que combatesse a mente corrupta e insana daqueles que se julgam acima do bem e do mal.

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